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Governança familiar: o que é, como funciona e suas vantagens

Você já ouviu falar em governança familiar? Esse conceito se refere ao conjunto de práticas e regras que visam garantir a harmonia, a continuidade e o sucesso de uma empresa familiar. 

A governança familiar é uma forma de organizar e administrar os interesses, os conflitos, os direitos e os deveres dos membros de uma família que participam de um negócio comum.


A governança familiar é importante porque ajuda a preservar o patrimônio, a cultura e os valores da família empresária, além de contribuir para o desenvolvimento sustentável da empresa. 


A governança familiar também favorece a comunicação, a transparência, a profissionalização e a sucessão dos líderes e gestores da empresa familiar.

Mas como funciona a governança familiar, na prática? 

Quais são as suas vantagens? 

E como implementar esse modelo na sua empresa? 


Neste artigo, vamos responder essas e outras perguntas sobre esse tema tão relevante para as empresas familiares. Acompanhe!


O que é uma empresa familiar?

Antes de falarmos sobre governança familiar, é preciso entender o que é uma empresa familiar. Segundo o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), uma empresa familiar é aquela em que:

  • A maioria do capital social com direito a voto pertence a uma ou mais famílias;

  • A maioria dos membros do conselho de administração ou da diretoria executiva é composta por membros da família, ou pessoas indicadas por ela;

  • A família exerce influência significativa nas decisões estratégicas e na gestão da empresa;

  • Há intenção de manter o controle da empresa na família por pelo menos mais uma geração.

As empresas familiares são muito comuns no Brasil e no mundo. De acordo com um estudo da PwC, as empresas familiares representam cerca de 90% das empresas brasileiras e 85%

das empresas globais


Além disso, as empresas familiares são responsáveis por cerca de 50% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro e por mais de 70% dos empregos formais no país.

As empresas familiares têm características próprias que as diferenciam das demais, como:

  • A forte ligação emocional entre os membros da família e a empresa;

  • A valorização da tradição, da história e da cultura familiar;

  • A busca pela perenidade e pela transmissão do legado para as próximas gerações;

  • A mistura entre os papéis familiares e profissionais;

  • A dificuldade em separar os assuntos pessoais dos empresariais;

  • A resistência em delegar funções e compartilhar o poder.


Essas características podem trazer vantagens competitivas para as empresas familiares, como:

  • Maior comprometimento, dedicação e lealdade dos membros da família;

  • Maior agilidade nas tomadas de decisão;

  • Maior flexibilidade para se adaptar às mudanças do mercado;

  • Maior proximidade com os clientes, fornecedores e colaboradores;

  • Maior capacidade de inovação e criatividade.


Por outro lado, essas características também podem gerar desafios e problemas para as empresas familiares, como:

  • Conflitos de interesses entre os membros da família;

  • Falta de profissionalismo, meritocracia e transparência na gestão;

  • Dificuldade em atrair e reter talentos externos à família;

  • Falta de planejamento estratégico, financeiro e sucessório;

  • Resistência em adotar boas práticas de governança corporativa.

Para superar esses desafios e aproveitar as vantagens das empresas familiares, é fundamental adotar um modelo de governança familiar adequado à realidade e aos objetivos de cada empresa.

O que é governança corporativa?

Segundo o IBGC, governança corporativa é o sistema pelo qual as empresas são dirigidas, monitoradas e incentivadas, envolvendo os relacionamentos entre sócios, conselho de administração, diretoria executiva, órgãos de fiscalização e controle e as partes interessadas (stakeholders).


A governança corporativa tem como objetivo principal aumentar o valor da empresa, facilitar o seu acesso ao capital e contribuir para a sua longevidade. 

Para isso, a governança corporativa se baseia em cinco princípios fundamentais:

  • Transparência: consiste em divulgar as informações relevantes sobre a empresa de forma clara, precisa e tempestiva, permitindo que os stakeholders conheçam e avaliem o seu desempenho e as suas decisões.

  • Equidade: consiste em tratar de forma justa e igualitária todos os sócios e demais stakeholders, respeitando os seus direitos e interesses.

  • Prestação de contas (accountability): consiste em prestar contas das ações e decisões tomadas pelos gestores da empresa aos sócios e demais stakeholders, assumindo as responsabilidades e as consequências.

  • Responsabilidade corporativa: consiste em zelar pela sustentabilidade da empresa, considerando os aspectos econômicos, sociais e ambientais nas suas decisões e operações.

  • Sustentabilidade: A governança corporativa é aplicável a qualquer tipo de empresa, seja ela familiar ou não. No entanto, as empresas familiares têm especificidades que exigem um modelo de governança adaptado à sua realidade. 

É aí que entra a governança familiar.


O que é governança familiar?


A governança familiar é um ramo da governança corporativa que se dedica a tratar dos aspectos relacionados à família empresária. 

A governança familiar é o conjunto de práticas e regras que visam garantir a harmonia, a continuidade e o sucesso de uma empresa familiar, e, envolve três dimensões principais:

  • A família: é o grupo de pessoas que compartilham laços de parentesco ou afinidade e que têm interesse na empresa. A família pode ser composta por diferentes gerações, ramos e núcleos familiares.

  • A empresa: é a organização que realiza atividades econômicas com o objetivo de gerar valor para os sócios, clientes, colaboradores e sociedade. A empresa pode ser composta por diferentes unidades de negócio, áreas e funções.

  • A propriedade: é o conjunto de direitos e deveres dos sócios sobre o capital social da empresa. A propriedade pode ser composta por diferentes tipos de ações, cotas ou participações.


Essas três dimensões estão interligadas e interdependentes, formando um sistema complexo e dinâmico. 

A governança familiar busca equilibrar os interesses, as expectativas e as necessidades de cada dimensão, evitando ou resolvendo os conflitos que possam surgir entre elas.

Para isso, a governança familiar se utiliza de alguns instrumentos, tais como:


O conselho de família: é o órgão que representa os interesses da família na empresa. O conselho de família é composto por membros da família eleitos pelos sócios ou indicados pelos ramos familiares. O conselho de família tem como funções principais:

  • Definir a visão, a missão e os valores da família empresária;

  • Estabelecer as políticas e as normas para regular as relações entre a família, a empresa e a propriedade;

  • Promover a comunicação, a educação e a integração entre os membros da família;

  • Preparar os sucessores para assumir cargos na empresa ou no conselho;

  • Mediar os conflitos entre os membros da família.


O conselho de administração: é o órgão que representa os interesses dos sócios na empresa. O conselho de administração é composto por membros eleitos pelos sócios, podendo ser da família ou não. O conselho de administração tem como funções principais:

  • Definir a estratégia, os objetivos e as metas da empresa;

  • Eleger, avaliar e destituir os diretores executivos da empresa;

  • Fiscalizar e orientar a gestão da empresa;

  • Zelar pelo cumprimento das leis, das normas internas e dos princípios éticos;

  • Prestar contas aos sócios sobre o desempenho da empresa.


A diretoria executiva: é o órgão que representa os interesses da empresa na sua operação. A diretoria executiva é composta por profissionais contratados pelo conselho de administração, podendo ser da família ou não. A diretoria executiva tem como funções principais:

  • Implementar a estratégia, os objetivos e as metas definidos pelo conselho de administração;

  • Gerenciar as operações, os recursos e os processos da empresa;

  • Liderar e motivar os colaboradores da empresa;

  • Reportar os resultados e os problemas ao conselho de administração;

  • Representar a empresa perante os clientes, fornecedores e demais stakeholders.

  • O acordo de sócios: é o documento que formaliza os direitos e deveres dos sócios em relação à empresa. O acordo de sócios pode ser um contrato social, um estatuto social, um pacto de acionistas ou um pacto de quotistas, dependendo do tipo societário da empresa. O acordo de sócios tem como objetivos principais:

  • Definir a estrutura societária e o capital social da empresa;

  • Estabelecer as regras para a entrada, a saída e a transferência de sócios;

  • Regular o exercício do voto, do controle e da fiscalização dos sócios;

  • Prever as situações de impasse, de conflito ou de dissolução da sociedade;

  • Proteger os direitos dos sócios minoritários e dos sócios não gestores.


O protocolo familiar: é o documento que formaliza os valores, as políticas e as normas da família empresária em relação à empresa. O protocolo familiar é um acordo voluntário e flexível, que pode ser elaborado e revisado pelos membros da família. O protocolo familiar tem como objetivos principais:

  • Expressar a visão, a missão e os valores da família empresária;

  • Definir os critérios para a participação dos membros da família na empresa, no conselho ou na propriedade;

  • Estabelecer as regras para a remuneração, a distribuição de dividendos e a gestão patrimonial dos membros da família;

  • Preparar os membros da família para as suas responsabilidades e papéis na empresa;

  • Planejar a sucessão dos líderes e gestores da empresa.


Quais são as vantagens da governança familiar?

A governança familiar traz diversos benefícios para as empresas familiares, tais como:

  • Aumenta a confiança, o respeito e a união entre os membros da família;

  • Reduz os conflitos, as disputas e as divergências entre os membros da família;

  • Preserva o patrimônio, a cultura e os valores da família empresária;

  • Garante a continuidade, a perenidade e o legado da empresa familiar;

  • Melhora o desempenho, a competitividade e a rentabilidade da empresa familiar;

  • Aumenta a credibilidade, a reputação e a imagem da empresa familiar no mercado;

  • Facilita o acesso ao capital, aos investidores e aos parceiros estratégicos.


Como implementar a governança familiar na sua empresa?

Para implementar a governança familiar na sua empresa, é preciso seguir alguns passos, tais como:

  • Sensibilizar os membros da família sobre a importância e os benefícios da governança familiar;

  • Diagnosticar a situação atual da empresa familiar em relação à governança familiar;

  • Definir os objetivos, as prioridades e o plano de ação para implementar a governança familiar;

  • Constituir os órgãos de governança familiar, como o conselho de família, o conselho de administração e a diretoria executiva;

  • Elaborar os documentos de governança familiar, como o acordo de sócios e o protocolo familiar;

  • Comunicar e divulgar as práticas e as regras de governança familiar para todos os envolvidos;

  • Monitorar e avaliar os resultados e os impactos da governança familiar na empresa.


A implementação da governança familiar pode ser um processo complexo e desafiador, que requer tempo, dedicação e compromisso dos membros da família. 

Por isso, é recomendável contar com o apoio de profissionais especializados em governança familiar, que possam orientar, facilitar e mediar esse processo.


Conclusão

A governança familiar é um modelo de gestão que visa garantir a harmonia, a continuidade e o sucesso de uma empresa familiar. A governança familiar envolve três dimensões: a família, a empresa e a propriedade. 


A governança familiar se utiliza de alguns instrumentos, como o conselho de família, o conselho de administração, a diretoria executiva, o acordo de sócios e o protocolo familiar. 


A governança familiar traz diversas vantagens para as empresas familiares, como aumentar a confiança, reduzir os conflitos, preservar o patrimônio, melhorar o desempenho e aumentar a credibilidade da empresa. 


A governança familiar pode ser implementada seguindo alguns passos, como sensibilizar, diagnosticar, definir, constituir, elaborar, comunicar e monitorar.

Espero que este texto tenha sido útil e informativo para você. 


Se você quer saber mais sobre governança familiar e como aplicá-la na sua empresa, eu tenho uma dica para você: conheça os cursos da EBDcom, uma plataforma de educação online que oferece conteúdos de qualidade sobre temas jurídicos e empresariais. 



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